Ver Currículo - Hélcio Reinaldo Gil Santana • 25 de May de 2017
Atualizado em 08 de setembro de 2018.
Por todo o Mundo, grande parte do atual acervo dos museus de História Natural é proveniente de coleções particulares incorporadas posteriormente a essas instituições.
No Brasil também foram numerosas as antigas coleções particulares que atualmente integram considerável parte do acervo dos nossos maiores museus (e.g. http://www.lepidoptera.datahosting.com.br/biografias.html; http://www.scielo.br/pdf/rbent/v60n2/0085-5626-rbent-60-02-0117.pdf; http://www.bvsalutz.coc.fiocruz.br/html/pt/static/correspondencia/joseph.php).
“Lembre-se que 1/3 (um terço) dos animais em coleções institucionais brasileiras são provenientes de coleções de pesquisadores autônomos, atualmente utilizadas por pesquisadores profissionais. Essa questão não se fecha na zoologia, mas também é prática em botânica, haja vista enormes herbários de pesquisadores autônomos.” (Seg. Prof. Dr. Olaf H. H. Mielke, Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de Zoologia, Professor Titular de Zoologia da UFPR, Texto publicado no Jornal da Ciência (SBPC), 14 de abril de 2005, item 2).
“Por exemplo, só o médico Carlos Alberto Campos Seabra enriqueceu o acervo do Museu [Nacional do Rio de Janeiro] em mais de 2.000.000 [de exemplares] de insetos. Enquanto no exterior muitos colecionadores particulares gozam de alto prestígio e colaboram intensamente com os museus, a nova legislação brasileira [...] coloca colecionadores [...] sem vínculo institucional na ilegalidade. Ironicamente nossos museus não têm recursos para adquirir novos acervos embora dependam de tais doações.” (Prof. Ruy J. Válka Alves, Postado em 19 de agosto de 2003, http://revistamuseu.com/emfoco/emfoco.asp?id=2510).
Recentemente (02/09/18) tivemos a infeliz destruição da maior parte do acervo Zoológico, incluindo todos os insetos desse acervo do MNRJ, por um grave incêndio. Se quiserem, realmente, refazer novo acervo para o MNRJ será preciso rever o posicionamento e a proibição que foram criados para os amadores ou não profissionais. Sem a ajuda dos mesmos será muito difícil ou mesmo impossível refazer um acervo minimamente útil para futuros estudos como os amadores do passado legaram ao MNRJ. Tal ajuda tornou-se impossível pela legislação atual, ao passo que a aceitação da proposta apresentada para futuros marcos regulatórios que tratem da coleta e manutenção de espécimes de animais invertebrados (ver no meu outro blog: http://sbzoologia.org.br/blog/34-citizen-science-uma-forca-inestimavel-de-trabalho.php), poderia torná-la factível, favorecendo, inclusive os próprios profissionais nesse desiderato.
Os recursos públicos para pesquisa e conhecimento da biodiversidade são muito limitados, tanto mais em face da extensão de nosso território e a estupenda multiplicidade de formas de vida existente no mesmo. Nesse sentido, como já aconteceu no passado, a atividade autônoma, amadora, não remunerada pelos cofres públicos, de coleta de exemplares, seu estudo e conservação em coleções biológicas particulares, deve ser vista como verdadeiro ato de cidadania, tanto mais em meio ao período da história humana em que a maior destruição de habitats, verdadeiro holocausto da natureza, ocorre diuturnamente por todos os lados.
Agradecimento: a Jader de Oliveira pela indicação da matéria sobre Charlie and Lois O’Brien.
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